24 de fev. de 2021

Nova coleção de borboletas está disponível online na rede speciesLink

 Kátia Aleixo, Associação Brasileira de Estudo das Abelhas - A.B.E.L.H.A.


Desde janeiro deste ano, mais uma coleção de insetos disponibilizou dados e imagens na rede speciesLink, o acervo de Lepidópteros da Santa Genebra. A fototeca é fruto da parceria entre o Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA) e a Fundação José Pedro de Oliveira (FJPO), com o apoio da associação A.B.E.L.H.A..

Atualmente, podem ser acessados 42 registros online na rede speciesLink, incluindo lindas imagens dos espécimes catalogados.


Borboleta conhecida popularmente como Olho-de-coruja (Caligo illioneus) (cc) Lepidópteros da Santa Genebra (LSG).


Borboleta conhecida popularmente como Borboleta-do-girassol (Chlosyne lacinia saundersi) (cc) Lepidópteros da Santa Genebra (LSG)
 

Lepidópteros da Santa Genebra

A fototeca está sob responsabilidade da FJPO e conta com registros de espécies de borboletas de ocorrência na Unidade de Conservação (UC) ARIE Mata de Santa Genebra, maior fragmento de floresta nativa da região metropolitana de Campinas - SP. É interessante destacar que, ao longo de mais de 30 anos, já foram catalogadas 700 espécies em levantamentos realizados na UC. Os espécimes encontram-se depositados na Coleção de Lepidoptera do Instituto de Biociências da UNICAMP.

A fototeca será continuamente incrementada com os registros realizados na ARIE Mata de Santa Genebra pela equipe da FJPO, gestora da UC, e pelos participantes do Programa de Fotografia da Natureza, que busca aproveitar o potencial da fotografia como ferramenta para educação ambiental e promover o envolvimento da comunidade na divulgação e valorização dessa UC de grande importância regional.


Importantes polinizadores

As borboletas e mariposas compreendem a ordem Lepidoptera, segunda maior em número de espécies do grupo dos insetos, atrás apenas de Coleoptera (besouros). Do total de espécies de lepidópteros conhecidas, 90% visitam flores para se alimentarem de néctar e, assim, polinizam centenas de espécies vegetais no país.

Na agricultura, segundo o Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, as borboletas visitam as flores de 45 cultivos e polinizam quatro deles: laranjeira, mangabeira, pereira e abacaxizeiro-do-cerrado. Ao todo, 40 espécies de borboletas visitam cultivos, das quais 14 atuam como polinizadores.

Já as mariposas visitam as flores de 12 cultivos e cooperam para a polinização do pequizeiro, piquiazeiro, jaracatiazeiro e mangabeira, atuando como principais polinizadores deste último. Um total de 20 espécies de mariposas são visitantes florais de cultivos, sendo 13 delas identificadas como polinizadores.

A rede speciesLink

A rede speciesLink, mantida pelo Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA), é um sistema que tem por objetivo integrar a informação primária sobre biodiversidade que está disponível em museus, herbários e coleções biológicas, tornando-a disponível, de forma livre e aberta na Internet, para o público em geral. Atualmente, existem mais de 15 milhões de registros online na rede, distribuídos em 534 coleções e subcoleções biológicas.


3 de fev. de 2021

Imagens de plantas coletadas no século XVII no nordeste do Brasil são disponibilizadas no INCT Herbário Virtual via rede speciesLink

João Renato Stehmann, Professor do Departamento de Botânica, ICB, UFMG


O Museu de História Natural da Dinamarca compartilhou com o INCT Herbário Virtual as imagens do Herbarium vivum brasiliense, um livro-herbário que contém as primeiras amostras de plantas do Brasil, coletadas por Georg Marcgrave, geógrafo, astrônomo e  naturalista, que esteve na então colônia holandesa, entre os anos de 1638 a 1644.  São 173 exsicatas, contendo amostras de 149 espécies, representadas por plantas nativas e cultivadas da flora do nordeste brasileiro. 

O livro-herbário e diversos manuscritos foram levados para a Holanda e serviram de base para a publicação da Historia Naturalis Brasiliensis (Piso & Marcgrave 1648), editado por Jan de Laet, que faleceu em 1649.  Após sua morte, o herbário foi comprado por Willian Worm e levado para a Dinamarca. Posteriormente foi adquirido pelo então rei da Dinamarca, Frederico III, e incorporado ao acervo real, hoje no Museu de História Natural da Dinamarca.

Herbarium vivum brasiliense, livro-herbário guardado no Museu de História Natural da Dinamarca, com plantas coletadas no nordeste do Brasil por Georg Marcgrave (1638-1644). Ao lado, o Prof. Per Olof Ryding, pesquisador do Herbário C.


Para se ter uma ideia da importância do acervo, devemos lembrar que as outras amostras antigas provenientes do Brasil datam da segunda metade do século XVIII, como aquelas coletadas por Philibert Commerson (e Jeanne Baret), 1767, e de Alexandre Rodrigues Ferreira, entre 1783 e 1792. O acervo digital repatriado pode ser considerado uma verdadeira relíquia!.

O Herbarium vivum brasiliense foi estudado na década de 1970 pelos pesquisadores Dárdano de Andrade-Lima, botânico pernambucano, Anne Fox Maule, Troels Myndel Pedersen e Knud Rahn, dinamarqueses, o que resultou na publicação da lista identificada e comentada das amostras. Quase uma década depois, como forma de divulgar esse importante acervo histórico, o texto do artigo, escrito originalmente em inglês, foi traduzido para o português e publicado como livro, incluindo as fotografias das amostras. 

A divulgação das imagens das plantas coletadas por Marcgrave no INCT Herbário Virtual, em parceria com o Museu de História Natural da Dinamarca, é como a descoberta de um tesouro perdido. Resgata um dos mais importantes patrimônios históricos da flora brasileira, além de possibilitar que a comunidade científica possa, de forma acessível, utilizá-lo na pesquisa e ensino em diversas áreas do conhecimento.

Referências:

Andrade-Lima, D., Maule, A.F., Pedersen, T.M. & Rahn, K. 1977. Marcgrave’s Brazilian Herbarium – Collected 1638-1644. Botanisk Tidsskrift  71: 121–160. 

Andrade-Lima, D., Maule, A.F., Pedersen, T.M. & Rahn, K. 1986. O herbário de Georg Marggraf. Rio de Janeiro: Fundação Nacional Pró-Memória; Recife: Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco. 2 vol.