O sistema que integra dados de centenas de provedores de dentro e fora do Brasil é a maior referência nacional sobre informações primárias sobre a biodiversidade. Sua força está essencialmente na competência e atuação de cada componente da rede.
Número total de registros online (verde), de registros georreferenciados com dados originais (azul) e de provedores de dados (vermelho) ao longo do tempo. |
O Brasil é um dos países com maior diversidade biológica no mundo, mas a maioria das informações científicas que está em museus, herbários e coleções microbiológicas se encontrava dispersa e fragmentada, limitando a compreensão sobre a biodiversidade no país. A rede speciesLink foi idealizada e implementada pelo CRIA há mais de 10 anos para suprir essa carência e promover a geração de conhecimento. Desde então vem contribuindo para a integração de dados de diferentes provedores, oferecendo aplicativos e ferramentas que auxiliam os provedores na melhoria da qualidade dos dados. Em meados de abril, a rede superou o marco histórico de 6,5 milhões de registros disponíveis online, com acesso livre e aberto. "O desafio do trabalho em rede, a única forma possível de se trabalhar com as coleções biológicas distribuídas por todo o território nacional, é marcante, mas representa a base do sucesso da iniciativa", enfatiza Dora Canhos, diretora do CRIA. Assim, é extremamente importante reconhecer a força de cada elemento que compõe a rede, sejam provedores de dados, equipes de TI, comitês de coordenação, agências de fomento ou usuários.
Mapa com a localização dos provedores de dados no Brasil que compõe a rede speciesLink, destacando Brasília onde está o Internet Data Center (IDC) da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). É lá onde estão todos os equipamentos e servidores que hospedam dados, informações, imagens, mapas, sistemas, ferramentas e serviços web de interesse e de acesso público. |
Atualmente, existem 335 provedores de dados - 324 coleções e subcoleções biológicas e 11 coleções de dados de observação. Mais de 70% de dados são de herbários, o que reflete o apoio dado nos últimos 5 anos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do CNPq, ao INCT-Herbário Virtual da Flora e dos Fungos. Quanto aos 30% restantes, cerca de 25% são de animais, 0,2% de microrganismos 0,1% de fósseis e 4,7% de coleções abrangentes, como OBIS-Br e SinBiota. Mais de 93% dos registros têm material testemunho associado e mais que 240 mil registros têm imagens associadas. Destacamos o trabalho da RNP, garantindo a conectividade necessária tanto para prover dados como também para usar essa infraestrutura aberta de dados e ferramentas de interesse público.
O sucesso da rede é também refletido pelo seu uso. Em 2013, por meio da interface de busca foram recuperados cerca de 387 milhões de registros, o que representa mais de 60 vezes o tamanho total do acervo disponível no ano passado. Em 2014, apenas entre janeiro e meados de abril, foram recuperados cerca de 169 milhões de registros pelos usuários. Por recuperados entende-se registros que foram visualizados um a um, plotados em mapas, utilizados em gráficos ou baixados (download). É importante ressaltar que esses números não incluem os registros servidos via serviços web (máquina - máquina).
A interface de busca da rede speciesLink permite grande flexibilidade nas buscas. |
Desafios e incentivos
Ao mesmo tempo que se comemora esse novo marco, é importante ressaltar que ainda existe um longo caminho a percorrer. O número de registros online hoje representa somente 27% dos acervos das coleções participantes da rede, com um número estimado de mais de 24 milhões de registros. Trata-se de um desafio não só para as coleções que precisam digitar, disponibilizar e atestar a qualidade de seus acervos, mas para as equipes de TI que precisam trabalhar com uma quantidade cada vez maior de informações, com diferentes tipos de dados (textuais, imagens, sons, etc.), além de desenvolver novos aplicativos atendendo às demandas tanto dos provedores como dos usuários. Contudo, alguns depoimentos indicam que estamos no caminho certo e que a estratégia de integração dos provedores em escala nacional está sendo proveitosa e efetiva.
"É uma honra para o HERBAM participar dessa rede de disponibilização de dados sobre a biodiversidade brasileira. Realmente, neste aspecto foi primordial o apoio do INCT Herbário Virtual e também do Reflora que contribuiu com bolsistas, cursos de aperfeiçoamento, equipamentos, permitindo que um herbário situado no extremo norte do estado de Mato Grosso passe a ser conhecido e reconhecido mundialmente, bem como, permitindo apresentar ao mundo as espécies que fazem parte da flora de nosso estado" afirma a curadora, Célia Soares Lopes.
Outro depoimento vem de Teresa Fernandes Silva do Nascimento, curadora no Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz-RJ. "A equipe da Coleção de Culicídeos da Fiocruz também se sente honrada por fazer parte dessa rede. Sabemos que muito trabalho ainda precisa ser realizado, entretanto já visualizamos os resultados e progresso desse sistema".Se você está envolvido de alguma forma com a rede e tem algum comentário a fazer, não deixe de contribuir comentando este post!
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