29 de jul. de 2016

Lacunas de conhecimento da flora e dos fungos do Brasil


Lacunas de conhecimento da flora e dos fungos do Brasil




Desenvolvida no contexto do projeto Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Herbário Virtual da Flora e dos Fungos (INCT-HVFF), a ferramenta Lacunas apresenta um relatório com o status dos dados da rede speciesLink para cada nome aceito e seu sinônimo da Lista de Espécies da Flora do Brasil.


O primeiro relatório foi disponibilizado on-line em setembro de 2012, e agora acaba de ser publicado o 11º. relatório, utilizando dados do dia 22 de julho de 2016. O relatório permite avaliar a evolução e contribuição do INCT-HVFF na resolução das lacunas taxonômicas e geográficas dos dados disponíveis on-line, todos de acesso público.


A ferramenta oferece diferentes critérios de busca. Utilizando critérios mais inclusivos, ou seja, busca fonética, associando os sinônimos aos nomes aceitos, incluindo dados com ou sem coordenadas geográficas, consistentes ou não. O resultado do percentual do número de espécies sem registros na rede speciesLink em comparação com o número total de espécies com nomes aceitos na Lista do Brasil é apresentado por grupo taxonômico na tabela a seguir.


Grupo Taxonômico
Setembro de 2012
Julho de 2016
Algas
61%
51%
Angiospermas
8%
5%
Briófitas
21%
13%
Fungos
66%
37%
Gimnospermas
0%
3%
Pteridófitas
10%
6%
 

Os números da tabela mostram uma diminuição expressiva das lacunas taxonômicos para todos os grupos, com exceção do grupo das Gimnospermas, que de 25 passou a ter 30 nomes aceitos na Lista do Brasil, alguns sem registros on-line. Merece destaque o esforço do INCT-HVFF na resolução das lacunas do grupo Fungos, que em 2012 tinha 66% dos nomes aceitos na Lista do Brasil sem qualquer dado on-line e em 2016 reduziu esse valor para 37%.


Esse resultado é fruto do uso dessa ferramenta pelo Comitê Gestor do INCT-HVFF e pelos curadores dos herbários associados na priorização das ações de digitação e georreferenciamento de dados; inclusão dos dados de novos a acervos na rede speciesLink; e, envio de especialistas para identificação de material em herbários.
Como 95% dos herbários nacionais do INCT-HVFF estão associados à pós-graduação, a ferramenta também é utilizada na identificação dos grupos pouco estudados, contribuindo para a definição de estratégias para a formação de taxonomistas.
Utilizando um critério de busca mais restritivo, onde o status das coordenadas geográficas é considerada (busca fonética, inclusão de sinônimos, mas seleção dos registros com coordenadas geográficas consistentes e distintas), tem-se um aumento das lacunas taxonômica.


Grupo Taxonômico
Setembro de 2012
Julho de 2016
Algas
78%
70%
Angiospermas
26%
16%
Briófitas
33%
23%
Fungos
89%
79%
Gimnospermas
20%
17%
Pteridófitas
25%
15%

Os números claramente evidenciam a necessidade de melhorar a qualidade da informação geográfica dos dados. No entanto, é importante reconhecer o trabalho que foi desenvolvido nos últimos quatro anos, reduzindo essas lacunas.


Dos mais de 5,2 milhões de registros de plantas e fungos disponíveis on-line, apenas 2,1 milhões (40%) possuem coordenadas geográficas registradas pelos herbários. Desses, 365 mil (17%) apresentam inconsistências, ou seja, o ponto da coordenada geográfica não cai no município informado.


Para aumentar a utilidade dos dados, dentro do escopo do projeto INCT-HVFF, foi desenvolvida a ferramenta de georreferenciamento automático, ou seja, atribuindo coordenadas geográficas ao dado, com base no município informado (indicando seu erro máximo). Para os usuários que necessitam de dados com essa precisão, são mais 2,1 milhões de registros (40%) que atendem esse critério.

É interessante analisar os mais de 750 mil registros de plantas e fungos na rede speciesLink que não possuem coordenadas geográficas. Cerca de 23% não tem dados sobre o ano de coleta e menos de 10% são de coletas realizadas nos últimos 20 anos. Uma ação futura poderá focar nossa atenção para a inclusão de coordenadas geográficas nos registros dos grupos com poucos dados. 


A partir de outubro de 2014, o relatório Lacunas passou a apresentar graficamente as lacunas geográficas por grupo taxonômico, família, gênero e espécie, indicando os estados onde o especialista da Lista do Brasil indica a ocorrência de determinada espécie, mas essa informação não existe na rede speciesLink. São também destacados os registros de ocorrência de espécies em estados não indicados pela Lista do Brasil. Esses dados podem ser indícios de erros na informação geográfica ou a omissão da informação pelo especialista. 


Quando a espécie está na lista de espécies ameaçadas, o relatório Lacunas dá acesso ao relatório de avaliação de risco do CNCFLORA. Também dá acesso aos dados da Lista do Brasil, da rede speciesLink e ao modelo de distribuição do nicho ecológico da espécie.






A ferramenta Lacunas é um instrumento para facilitar o uso dos dados on-line para estabelecer prioridades visando o aumento da quantidade e completude dos dados on-line. Mostra a importância do compartilhamento aberto de dados e informações, uma vez que as análises apresentadas só são possíveis graças à integração de 182 conjuntos de dados de herbários nacionais e do exterior, do uso dos dados da Lista do Brasil e da integração dos relatórios de avaliação do risco de extinção do CNCFLORA e dos modelos de distribuição de espécies do sistema BioGeo (Biogeografia da Flora e Fungos do Brasil).

28 de jul. de 2016

Governo institui a Comissão de Avaliação e de Acompanhamento de Projetos e Programas em Ciência, Tecnologia e Inovação.


Foi publicado no diário oficial do dia 27 de julho de 2016 o decreto que em seu Art. 1o. institui a Comissão de Avaliação e de Acompanhamento de Projetos e Programas em Ciência, Tecnologia e Inovação, responsável por aferir a adequação e a pertinência de projetos e de programas nessas áreas, com a finalidade de articular as atividades do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações com as atividades de suas entidades vinculadas, para:

I - atender às demandas de competitividade e de inovação das políticas econômicas e sociais nacionais;

II - atender às demandas de tecnologia e de inovação destinadas à sociedade brasileira; e

III - ordenar novas práticas institucionais necessárias às dinâmicas de atendimento da condução desses projetos e programas.

Parágrafo único. A Comissão será presidida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que estabelecerá a composição da Comissão, através de ato a ser editado pelo Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, a qual contará com:

I - representantes do governo federal, a serem designados pelos respectivos órgãos e entidades; e

II - representantes das comunidades acadêmico-científica, de tecnologia e de inovação.

Art. 2o A participação na Comissão será considerada prestação de serviço público relevante, não remunerada. Art. 3o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 26 de julho de 2016; 195º da Independência e 128º da República.

MICHEL TEMER
Gilberto Kassab

Vamos acompanhar ...

22 de jul. de 2016

GEO BON Open Science Conference & All Hands Meeting (04 - 08 de julho de 2016 em Leipzig, Alemanha)


GEO BON Open Science Conference & All Hands Meeting (04 - 08 de julho de 2016 em Leipzig, Alemanha)




GEO BON tem por objetivo se tornar uma rede global de observação da biodiversidade, contribuindo com políticas efetivas de gestão da biodiversidade e serviços ecossistêmicos.



A sustentabilidade ambiental enfrenta enormes desafios com a intensificação das pressões sobre os sistemas bióticos da terra. Portanto, é provável que as metas de Aichi (Aichi Biodiversity Targets - https://www.cbd.int/sp/targets) não sejam atingidas em 2020. Hoje, é praticamente impossível avaliar o quão próximos ou longe estamos de alcançar essas metas. O conjunto de sistemas de informação sobre biodiversidade apresenta importantes lacunas geográficas e taxonômicas e a sociedade ainda não dispõe de um sistema global de observação capaz de monitorar um conjunto de variáveis essenciais e medir as tendências de ganho ou perda da biodiversidade.  Esse foi o foco da conferência.

Nos últimos três anos, as ações do GEO BON foram focados na discussão sobre a definição de variáveis essências à biodiversidade (EBVs – Essential Biodiversity Variables) e no desenvolvimento de redes nacionais, regionais e temáticas de observação da biodiversidade.

Na conferência, os primeiros dois dias foram dedicados a plenárias e sessões temáticas preparatórias para os três dias seguintes de discussão do plano estratégico do GEO BON para o próximo triênio.

As apresentações e vídeos da conferência estão disponíveis no endereço  http://conf2016.geobon.org/geo-bon-open-science-conference/presentations/

A conferência contou com a participação de duas representantes do Brasil -  Eline Martins do CNCFlora e Dora Ann Lange Canhos do CRIA (Centro de Referência em Informação Ambiental) e membro do Advisory Board do GEO BON. Juntas, em uma das sessões, tiveram a oportunidade de relatar um pouco sobre o processo de desenvolvimento da lista de espécies da flora brasileira ameaçada de extinção, indicando a importância de contar com os dados on-line dos herbários nacionais e estrangeiros na rede speciesLink e com a Lista de Espécies da Flora do Brasil.

GEO BON é sem dúvida uma importante iniciativa que deve estar no nosso radar.