5 de mai. de 2025

 LANÇAMENTO DO PROJETO GOOGLE WORLD WIDE WOOD
O Google acaba de lançar o projeto ““World Wide Wood” (http://goo.gle/worldwidewood) o maior banco de dados on-line de histórias de árvores do mundo, com mais de 400 exposições
produzidas por mais de 100 parceiros globais em 36 países. O lançamento aconteceu dia 29 de abril, em Londres no Royal Botanic Gardens, Kew e o CRIA foi representado pelo biólogo
Fernando Bittencourt de Matos.
De redes sociais a engenheiros de ecossistemas, o Google convida o público a mergulhar nas maravilhas e nos benefícios dos organismos mais antigos, maiores e mais altos do mundo, por meio de fotografias impressionantes, histórias envolventes, fatos surpreendentes, áudio, vídeo, modelos 3D e materiais educacionais. O projeto fornece informações sobre a importante relação que temos com as árvores e apresenta conteúdo especializado sobre o papel vital que elas desempenham.

PARCERIA COM O GOOGLE ARTS & CULTURE: UMA NOVA DIMENSÃO PARA A FLORA
BRASILIENSIS
O CRIA participou do projeto Google World Wide Wood em parceria com pesquisadores do INCT – Herbário Virtual da Flora e dos Fungos na elaboração de histórias sobre a Flora brasiliensis. Em 2022, o CRIA consolidou sua presença no cenário internacional ao ser convidado a integrar a plataforma Google Arts & Culture (GA&C), um ambiente exclusivo para instituições culturais renomadas compartilharem suas histórias com o mundo. Inicialmente planejado para incluir 50 histórias sobre a Flora brasiliensis, o projeto superou as expectativas ao produzir 69 histórias e uma Pocket Gallery.
O projeto teve curadoria dos biólogos Fernando B. Matos e Luiza F. A. de Paula, ambos doutores em botânica, garantindo um conteúdo com rigor científico e uma abordagem envolvente para o público. As histórias foram organizadas nas seguintes categorias: paisagens (10), espécies/gêneros/famílias botânicas (26), biografias (10), temas diversos (16) e análises históricas contando com 7 histórias da historiadora Karen Lisboa (USP), podendo ser acessadas em https://artsandculture.google.com/partner/cria.
A supervisão foi de Vanderlei Perez Canhos e Renato De Giovanni (CRIA), e o material está
disponível em três idiomas: português, inglês e espanhol. Um dos aspectos mais inovadores do projeto foi a criação da Galeria de Bolso “Das Ninfas Gregas aos Biomas Brasileiros”
(https://artsandculture.google.com/story/IgUBEvq5qnyM9w), uma exposição virtual imersiva
inspirada na classificação da vegetação brasileira de Carl Friedrich Philipp von Martius. Nesse sistema, Martius dividiu o Brasil em cinco províncias florísticas e associou poeticamente cada uma a uma ninfa da mitologia grega, criando uma narrativa simbólica que conecta ciência, cultura e biodiversidade. A exposição permite que os visitantes explorem essa visão pioneira por meio de textos envolventes e imagens de alta resolução.

Experimento Botanic Atlas:

O Atlas Botânico é um mapa-mundi interativo que apresenta mais de 30 mil espécies de plantas de uma vasta coleção de espécimes de herbários com descrições detalhadas fornecidas através da Inteligência Artificial do Google. O usuário pode fazer buscas por plantas e países. Ao selecionar o Brasil, o Atlas apresenta 6.894 espécimes com várias imagens das exsicatas e da obra Flora Brasiliensis, e um texto sobre o conteúdo disponível.

Vídeo explicativo:




5 de mar. de 2025

 

O Herbário Virtual da Flora e Fungos e o CRIA

Uma história de parceria para a ciência brasileira

O CRIA desde 2008 esteve junto com o Herbário Virtual da Flora e dos Fungos (HVFF), um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia e ao longo destes 17 anos, o HVFF esteve sob a coordenação da Professora Leonor Maia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A parceria contou ainda com o apoio do CNPq e da Facepe (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco) e com inúmeras pessoas físicas e jurídicas, uma grande rede de pesquisadores composta por 167 instituições de pesquisa do nosso país. O CRIA foi e ainda é, a instituição responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de informação que apoiam e integram dados do HVFF, incluindo o desenvolvimento contínuo da rede speciesLink e a integração de imagens associadas às exsicatas. Ao longo do projeto foram desenvolvidas diversas tecnologias com objetivo de contribuir com a qualidade dos dados e o aumento de sua usabilidade, como o sistema de anotações, a indexação e a qualificação e associação de dados às exsicatas. Um exemplo muito interessante sobre a associação de dados ao registro é o uso e cobertura do solo do MapBiomas associado às coordenadas das coletas dos espécimes.

O INCT-HVFF integra hoje, 249 conjuntos de dados de 167 instituições, oferecendo mais de 13,5 milhões de registros com 6,4 milhões de imagens associadas de forma gratuita e aberta através da rede speciesLink. O sistema também classifica os registros de acordo com seu status taxonômico (aceito, sinônimo, ambíguo ou não encontrado) e a qualidade de suas coordenadas entre outras informações. O CRIA tem orgulho de contribuir para ampliar e dinamizar acesso a essa rede possibilitando uma estrutura de tecnologia única para a esse importante banco de dados que é fundamental para a ciência brasileira.


Celebração dos 15 anos do INCT-HVFF, dezembro de 2024 em Recife / PE.


Gostaríamos de mencionar um agradecimento especial para a Professora Leonor Maia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pela credibilidade e confiança ao longo destes 17 anos.

 

NOVAS HISTÓRIAS DO CRIA NO GOOGLE ARTS & CULTURE: DA CIÊNCIA CLÁSSICA À VISÃO INDÍGENA DA FLORESTA

 

Enquanto a equipe do Google Arts & Culture finaliza os ajustes para o lançamento da página do CRIA, nosso biólogo Fernando B. Matos concluiu em fevereiro de 2025 duas novas histórias, ampliando o alcance do projeto e trazendo novas perspectivas sobre a Flora Brasiliensis e seu impacto na ciência e na cultura.

 

·       Os Pteridólogos da Flora Brasiliensis: o legado dos especialistas em samambaias e licófitas

 

Uma das histórias recém-finalizadas homenageia os pteridólogos que contribuíram para a monumental Flora Brasiliensis. Cinco cientistas europeus foram os responsáveis por descrever as samambaias e licófitas na obra, além do próprio Carl F. P. Von Martius, que já havia estudado esses grupos no seu Icones Plantarum Cryptogamicarum, de 1834.

 

A história apresenta uma introdução sobre o grupo das samambaias e licófitas antes de mergulhar no trabalho desses pesquisadores, oferecendo pequenas biografias e detalhes sobre os grupos descritos por cada um na Flora Brasiliensis. Na época, foram registradas 575 espécies de samambaias e licófitas para o Brasil, um número que, com novas coletas e estudos, mais que dobrou—hoje conhecemos mais de 1.400 espécies no país.

Essa história tem um significado especial para o CRIA, pois foi elaborada com a curadoria científica do professor Paulo Henrique Labiak (UFPR), um dos maiores especialistas em pteridófitas do Brasil e parceiro do INCT-HVFF. Para Fernando, esse trabalho também tem um aspecto pessoal: além de ser pteridólogo, ele teve o Dr. Labiak como orientador durante sua iniciação científica e mestrado, tornando essa colaboração ainda mais especial.

 

·       Martius Revisitado: Natureza, Cultura e Colonialismo

A segunda história, Martius Revisitado, amplia a discussão sobre Carl Friedrich Philipp von Martius, trazendo uma perspectiva crítica sobre seu legado. Inspirada no simpósio de mesmo nome, promovido pela Cátedra Martius da USP, a história propõe um diálogo entre ciência, cultura e colonialismo, revisitando o impacto das expedições científicas europeias no Brasil.

No evento realizado em setembro de 2024, Fernando teve a oportunidade de conhecer pessoalmente a historiadora Karen Lisboa, professora da USP e curadora da exposição Viagem de Spix e Martius pelo Brasil. Karen participou do projeto do CRIA desde o início, auxiliando na proposta e elaborando 7 histórias sobre a expedição de Spix e Martius. Esse encontro presencial reforçou a parceria, consolidando a conexão entre o CRIA e os pesquisadores que estudam o legado dos naturalistas do século XIX.

 

Além disso, Fernando ficou profundamente impactado pela palestra da artista plástica Anita Ekman e do antropólogo indígena João Paulo Lima Barreto. João Paulo, nascido na comunidade São Domingos no Alto Rio Negro, é membro do povo Yepamahsã (Tukano) e possui uma trajetória acadêmica notável: graduado em Filosofia, mestre e doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Em fevereiro de 2021, tornou-se o primeiro indígena a defender uma tese de doutorado em Antropologia Social na UFAM, e sua pesquisa foi reconhecida em 2022 com o prêmio de melhor tese de Antropologia e Arqueologia pela CAPES. Além disso, João Paulo é fundador do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi, uma iniciativa pioneira em Manaus dedicada à valorização e prática da medicina tradicional indígena. Encantado com as perspectivas apresentadas por Anita e João Paulo, Fernando os convidou a contribuir com uma história para o projeto do CRIA no Google Arts & Culture. Para nossa satisfação, eles aceitaram o convite. A história que desenvolveram revisita as coleções de Martius e Spix, destacando a importância de reconhecer e valorizar os saberes indígenas na preservação da biodiversidade e na reconstrução das narrativas históricas.

 

Além do impacto do conteúdo, Martius Revisitado se destaca visualmente: quase todas as imagens utilizadas na história são autorais, mostrando João Paulo Tukano em museus dos Estados Unidos e da Europa examinando coleções que Spix e Martius levaram do Brasil no século XIX. Essas fotografias impressionantes não apenas documentam a trajetória dos objetos e artefatos coletados, mas também simbolizam a retomada da narrativa indígena sobre sua própria história e cultura.

 

UM PROJETO COM POTENCIAL INFINITO

Essas duas histórias são as mais recentes adições ao projeto do CRIA no Google Arts & Culture, cujo lançamento está previsto para abril de 2025. Mas esse é apenas o começo! A Flora Brasiliensis é uma das obras científicas mais extraordinárias da história natural do Brasil, e a expedição liderada por Martius e Spix revelou um mundo de biodiversidade que ainda hoje nos fascina.

 

Transformar esse conhecimento em um acervo digital acessível, envolvente e interativo é uma oportunidade única para ampliar a divulgação científica e inspirar novas gerações. Com novos investimentos, o projeto poderia crescer ainda mais, explorando outras obras naturalistas e integrando pesquisadores de diferentes áreas. Seria fantástico garantir apoio para expandir essa iniciativa, promovendo o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira e contribuindo para sua conservação.