28 de jul. de 2023

Catálogo de Abelhas Moure 2022, speciesLink e sistema Lacunas

Equipe do CRIA

O Catálogo Moure para as espécies de abelhas neotropicais, versão 2022, coordenado pelo Prof. Gabriel A. R. Melo, foi atualizado online com novas informações taxonômicas, publicadas no período de 2011 a 2021.

O Catálogo Moure agora apresenta a distribuição das espécies por estados e municípios. O sistema Lacunas de conhecimento das abelhas no Brasil compara a distribuição indicada no Catálogo Moure com os registros de ocorrência de abelhas na rede speciesLink (Fig.1).

Figura 1. Mapa da distribuição da espécie Aparatrigona impunctata no Catálogo Moure e na rede speciesLink


Figura 2. Imagem da espécie Aparatrigona impunctata espécie analisada na Fig.1 (Fonte: Fototeca Cristiano Menezes, speciesLink, 2023)

É importante ressaltar a diferença entre a abrangência geográfica apresentada pelo Catálogo Moure e a do Sistema Lacunas. O Catálogo Moure apresenta como escopo geográfico a região neotropical, por país, estado e município. Utiliza como fonte as informações taxonômicas publicadas. O Sistema Lacunas associa aos nomes científicos do Catálogo Moure, os dados de ocorrência de espécies coletadas/observadas no Brasil, usando dados da rede speciesLink, que tem como fonte, registros de espécimes em coleções biológicas e fototecas. Essas duas fontes são então comparadas para identificar possíveis lacunas de dados ou do conhecimento das abelhas do Brasil.

O Sistema Lacunas tem por objetivo auxiliar a comunidade científica na priorização das espécies a serem pesquisadas, coletadas, digitadas e integradas à rede speciesLink. O Sistema Lacunas usa um banco de dados resultante do cruzamento de todas as espécies do Catálogo de Abelhas Moure com os dados de ocorrência dessas espécies no Brasil, integrados à rede speciesLink.

O sistema Lacunas abelhas foi lançado em julho de 2019, e até o relatório Lacunas de julho de 2021, foi utilizado o Catálogo Moure versão 2012 como referência. A partir de abril de 2022, o relatório Lacunas passou a adotar o Catálogo Moure versão 2022 como referência.

As tabelas a seguir apresentam o número de espécies por subfamília citadas nos Catálogos Moure de 2012 e de 2022 em números totais, número de espécies que não ocorrem no Brasil e o número de espécies que, de acordo com o Catálogo Moure, ocorrem no Brasil. 

Tabela 1. Número de espécies citadas nos Catálogos Moure 2012 e 2022, classificadas de acordo com a sua ocorrência no Brasil


A diferença do número de espécies nos dois Catálogos mostra a evolução do conhecimento sobre as abelhas neotropicais por subfamília.

Tabela 2. Número de novas espécies incluídas no Catálogo Moure versão 2022


São 375 novas espécies incluídas na versão 2022 do Catálogo Moure, um aumento de 7%. Analisando as espécies que ocorrem no Brasil, o aumento foi superior a 10%.

O CRIA agradece ao Prof. Gabriel Melo pelo trabalho e compartilhamento dos dados do Catálogo Moure para a sua publicação online. Também agradecemos às equipes das coleções biológicas que compartilham seus dados com a rede speciesLink e assim possibilitam desenvolver esse sistema que ressalta as lacunas de dados e/ou conhecimento sobre as abelhas no Brasil.

Por fim, agradecemos o apoio dado ao projeto Consolidação da e-infraestrutura de dados abertos sobre a diversidade das abelhas nativas do Brasil que contou com o financiamento do CNPq, MCTIC, IBAMA e a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A.) e ajudou a viabilizar esse trabalho.

11 de jul. de 2023

speciesLink, Mapbiomas, INCT-HVFF e filtros da Flora e Funga do Brasil: ferramentas para a restauração ambiental

O INCT-HVFF (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Herbário Virtual da Flora e dos Fungos) iniciou seus trabalhos como rede virtual no ano de 2008, sendo o CRIA responsável pela manutenção e desenvolvimento contínuo do sistema de informação on-line com dados dos herbários (rede speciesLink) e das ferramentas para visualização e uso dos dados. Graças ao apoio sem interrupção ao longo desses anos, o número e a qualidade dos registros de ocorrência de espécies botânicas vem aumentando. São mais de 12,6 milhões de registros de mais de 150 mil espécies distintas, todas de acesso livre e aberto.

A rede speciesLink associa, a cada registro, informações sobre o nome científico, indicando se é um nome aceito, sinônimo, ambíguo ou não encontrado nas listas de referência utilizadas. Atualmente são utilizadas as seguintes referências para nomes botânicos: Algaebase, MycoBank, Flora e Funga do Brasil e GBIF.

Como produto do projeto "Informação digital de herbários para a restauração florestal na Amazônia Oriental", em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental e financiamento do CNPq, novas informações da Flora e Funga do Brasil foram associadas aos registros botânicos da rede speciesLink. Foram indexados dados sobre endemismo (sim ou não), origem (nativa, naturalizada, cultivada) e forma de vida (erva, arbusto, árvore, etc.).

Para o uso dessas novas informações, novos filtros foram acrescentados ao formulário de busca e novos inventários foram desenvolvidos e podem ser produzidos online para esses campos. 

É possível, por exemplo, buscar registros de ocorrência de espécies arbóreas endêmicas do Brasil e nativas da Amazônia e expressar o resultado em números (Fig. 1). 

Figura 1. Busca por registros de ocorrência de espécies arbóreas nativas e endêmicas do Brasil, coletadas no bioma  Amazônia, com o resultado expresso em números (Fonte speciesLink, 10/07/2023).

O resultado indica que a rede speciesLink oferece 46.706 registros de 2.677 espécies arbóreas nativas e endêmicas do Brasil no bioma Amazônia. Mantendo esses critérios de busca e acrescentando mais dois critérios: espécies coletadas em áreas naturais da Amazônia que hoje são áreas antrópicas (interface com o MapBiomas) obtém-se uma potencial lista de espécies arbóreas nativas e endêmicas que podem ter sido afetadas pela mudança na cobertura e uso do solo, mas que também podem ser importantes para a restauração dessas áreas antropizadas.

Figura 2. Busca por espécies arbóreas nativas e endêmicas, coletadas em áreas naturais no bioma Amazônia, cujos pontos de coleta em 2021 são áreas antrópicas (Fonte: MapBiomas Col. 7.1, 1985 - 2021, speciesLink, 10/07/2023).

Como o critério utilizado é o ano de coleta, essa busca está restrita às coletas realizadas entre 1985 a 2021, período da análise do MapBiomas. O resultado dessa busca expresso em números apresenta 916 registros de 326 espécies de 731 coletas distintas, indicando que 110 registros são de espécies ameaçadas de extinção (Fig. 3).

Figura 3. Resultado da busca por espécies arbóreas nativas e endêmicas, coletadas em áreas naturais no bioma Amazônia, cujos pontos de coleta em 2021 são áreas antrópicas expresso em números (Fonte: speciesLink, 10/07/2023).

A Figura 4 a seguir, apresenta um inventário das espécies arbóreas nativas e endêmicas, coletadas em áreas naturais no bioma Amazônia, cujos pontos de coleta em 2021 são áreas antrópicas,indicando o número de registros recuperados para cada espécie na rede speciesLink.


Figura 4. Espécies arbóreas endêmicas e nativas da Amazônia, cuja coleta foi realizada em áreas naturais que em 2021 se tornaram áreas antrópicas (Fonte: speciesLink, 10/07/2023).

A partir dessas ferramentas, especialistas podem selecionar as espécies mais adequadas para a restauração de áreas degradadas nos diferentes biomas brasileiros ou para escalas menores, com a utilização de alguns filtros clássicos de coleta do speciesLink (estado, município, unidade de conservação, ou terra indígena).

Esses novos filtros fornecem ferramentas que podem facilitar o trabalho de análise de especialistas na seleção de espécies para a recuperação de áreas antropizadas, entre outros possíveis usos que serão revelados por nós e pelos usuários à medida que as ferramentas forem utilizadas.

Na era do Antropoceno, num mundo cada vez mais modificado pelas atividades humanas, o CRIA acredita que dados e ferramentas como essas, de acesso livre e aberto, serão preciosas para várias pesquisas científicas comprometidas com a restauração ambiental.

Como sempre, toda crítica e sugestões são bem-vindas.

Equipe do CRIA