29 de mai. de 2020

A importância da coleção de Fungos do Field Museum para o Brasil

Tatiana Gibertoni, Professora Associada UFPE

O Herbário John G. Searle do Field Museum de Chicago (EUA) tem a 5a. maior coleção do hemisfério ocidental e inclui aproximadamente 3 milhões de espécimes de angiospermas, gimnospermas, pteridófitas, briófitas, fungos (incluindo ascomicetes liquenizados) e algas. O Herbário foi fundado em 1894 com a aquisição da World's Columbian Exposition de 1893. Várias expedições botânicas permitiram ao Herbário se estabelecer como um dos mais proeminentes repositórios de plantas da América Central e Sul.

Além das plantas, o Herbário conta com uma coleção de cerca de 350 mil fungos e líquens, dos quais 137 mil registros estão disponíveis online e 5400 representam espécimes-tipo. A coleção de fungos - Field Museum of Natural History (Botany) Fungi Collection (FMNH-Fungi)  compartilha seus dados de coletas realizadas na América do Sul com o INCT – Herbário Virtual através da rede speciesLink. São dados de 4.816 espécimes de 901 espécies distintas. Mais de 3 mil registros têm imagens associadas e 818 são tipos. Em relação a material coletado no Brasil, são 1.218 espécimes (783 com imagens associadas) de 293 espécies distintas, sendo que 306 registros são de tipos.

A maior parte dessa coleção micológica é formada por fungos liquenizados e agaricoides, coletados principalmente por Rolf Singer no fim da década de 1970, Greg Mueller em 1987, Marcela Cáceres e Andre Aptroot em 2012. Na coleção brasileira, destacam-se os espécimes-tipo, especialmente de fungos fitopatogênicos, coletados por E.H.G. Ule no Amazonas, Rio de Janeiro e Santa Catarina e descritos por diversos autores (Fig 1) e os fungos agaricoides coletados e descritos por Rolf Singer (Fig. 2).

Figura 1. Fungos fitopatogênicos coletados por E.H.G. Ule no Amazonas e Santa Catarina (Fonte: FMNH-Fungi, http://inct.splink.org.br, acessado em 27/05/2020)

Figura 2. Fungos agaricoides coletados e descritos por Rolf Singer ((Fonte: FMNH-Fungi, http://inct.splink.org.br, acessado em 27/05/2020)

Referências:

Field Museum. Focus: Fungi and Lichens (www.fieldmuseum.org/science/research/area/focus-fungi-and-lichenshttps://www.fieldmuseum.org/science/research/area/focus-fungi-and-lichens)

INCT - Herbário Virtual da Flora e dos Fungos online (inct.splink.org.brhttp://inct.splink.org.br/)


26 de mai. de 2020

Dados do Herbário da Universidade de Montpellier na rede speciesLink

Mariângela Menezes (Museu Nacional, Comitê Gestor INCT-Herbário Virtual)


O herbário da Universidade de Montpellier (MPU), pelo volume e valor histórico de suas coleções, é considerado o segundo mais importante da França e está entre os 20 maiores herbários do Mundo. Embora, algumas amostras da coleção geral sejam atribuídas a P.R. de Belleval (1564-1632), o herbário MPU foi criado no início do século XIX (1809) sob a direção de A.P de Candolle, associado à Faculdade de Medicina. Posteriormente, o herbário da Faculdade de Medicina foi agregado aos herbários da Faculdade de Farmácia e de Ciências em um único local, formando o Instituto de Botânica, em 1889. O prédio do Instituto de Botânica foi destruído e substituído pelo prédio atual, inaugurado em 1959.

O herbário detém aproximadamente 2,5 milhões de espécimes de plantas vasculares, criptógamos, fungos e líquens. Suas coleções mais antigas datam do séc. XVII e o número de tipos é estimado em mais de 50.000 amostras. Trata-se de um herbário muito representativo em termos da biodiversidade vegetal, uma vez que agrega material oriundo de inúmeros países, com destaque para amostras coletadas na Europa, região do Mediterrâneo e Oriente Próximo, e em menor número, amostras oriundas da América do Norte e do Sul (incluindo o Brasil), Oceania (incluindo a Austrália), África e Ásia.

Dentre as várias e importantes coleções de plantas fanerogâmicas se destacam as de Chirac, Broussonet, Boissier de Sauvages, Braun-Blanquet, Cambessèdes, Delile, Saint-Hilaire. As coleções de criptógamos, também, são particularmente importantes e incluem, p.ex. coletas de cianobactérias feitas por Ch. Flahault, de musgos e líquens por M. B.de Lesdain, além de outras coletas de samambaias e fungos.

Rollinia longifolia A.St.-Hil. typeDet: Saint-Hilaire
MPU010754 Coleta: Saint-Hilaire, A. de 
Loc: cueuilli auprès du lac de Fretas près Rio de Janeiro Brésil

Cerastium rivulare Cambess. lectotypeDet: Cambessèdes
MPU010806 Coleta: Saint-Hilaire, A. de 
Loc: Brésil
O herbário conta com um acervo de botânica tropical, cujas amostras foram coletadas na segunda metade do século XX, durante a exploração de florestas equatoriais pelas missões da “Operation Canopy”, coordenada por Francis Hallé, na África, América Latina, Ásia e Oceania; além de uma carpoteca, uma xiloteca e várias caixas com lâminas de pólens, esporos, tecidos, etc.

O herbário MPU tem sob a sua guarda inúmeras pranchas originais históricas, em geral acompanhadas de documentos, igualmente preciosos como: os desenhos em aquarela das plantas de Broussonet; as anotações e os manuscritos sobre cogumelos de Delile, complementados por aquarelas de Node-Véran; os manuscritos, os desenhos e as aquarelas sobre fungos do norte da África de G. Malençon e R. Maire; três coleções de ilustrações de plantas e fungos de Node-Véran (1773-1852), além de dezenas de esboços botânicos, notas e correspondências de diferentes pesquisadores.

É importante destacar que a rede nacional da França - RECOLNAT foi responsável pela organização e financiamento da digitalização do acervo.

O Herbário MPU compartilha com o INCT-Herbário Virtual 5.079 registros de 1.352 espécies aceitas de amostras coletadas na América do Sul entre 1767 e 2009. 

São 4.761 registros de tipos, sendo 1.959 coletados no Brasil. Desses, 477 possuem imagens online.


Agradecemos à Universidade de Montpellier por compartilhar, de forma livre e aberta, os dados de seu acervo de grande relevância para a botânica do Brasil. Acessem o Herbário da Universidade de Montpellier - Acervo América do Sul e enviem seus comentários.

14 de mai. de 2020

Coleções históricas da América do Sul disponibilizados no INCT-Herbário Virtual via rede speciesLink

O Muséum national d'Histoire naturelle de Paris compartilha dados de coletas realizadas no Brasil com a rede speciesLink desde 2009, quando foi estabelecida uma parceria entre o Museu, o Instituto de Botânica de São Paulo e o CRIA para o desenvolvimento do site do Herbário Virtual A. de Saint-Hilaire, com o apoio da Fapesp. Novas parcerias foram estabelecidas em 2015 com o compartilhamento dos dados das coletas de Glaziou, resultando no Herbário Virtual Auguste Glaziou. Esse projeto teve o apoio do CNPq e contou com o envolvimento do Museu Nacional e do INCT-Herbário Virtual, além do MNHN e do CRIA.

Em 2020 iniciamos uma nova etapa dessa parceria. Com as coleções de história natural disponibilizadas na e-infraestrutura ReCOLNAT, foram incorporados ao INCT-Herbário Virtual, via rede speciesLink, os dados da América do Sul da Coleção de plantas vasculares e da Coleção de Criptógamas do Muséum national d'Histoire naturelle de Paris e os dados da América do Sul do Herbário da Universidade de Montpellier. Nesse post apresentamos os dados da coleção de plantas vasculares de Paris.

O acervo das coletas da América do Sul do herbário do Muséum national d’Histoire naturelle de Paris inclui importantes coleções históricas como as de Balansa, Blanchet, Bonpland, Burchell, Claussen, Hassler, Riedel, Saint-Hilaire, Sellow, entre outros.

A Coleção de plantas vasculares da América do Sul possui mais de 253 mil registros e cerca de 262 mil imagens de 24.772 espécies. Um total de 156.705 registros e 164.384 imagens são de amostras coletadas no Brasil, associadas a 14.975 espécies da nossa flora.

Ilex paraguariensis A.St.-Hil.

Desse montante, 30 mil são registros de typus nomenclaturais e suas respectivas imagens. São 14.514 registros de typus nomenclaturais e 2.542 de espécies ameaçadas de extinção da flora brasileira.


A figura destaca a amostra de Ilex paraguariensis (erva mate) coletada e descrita por Auguste de Saint-Hilaire em sua viagem ao Brasil entre 1816 a 1821. Trata-se do holótipo, espécime único usado na descrição original da espécie. O herbário P América do Sul possui 3.943 holótipos, 935 dos quais coletados no Brasil.




Grande parte dos registros é histórico (ver figura abaixo), datado do século XIX, período em que os 
naturalistas europeus viajaram pelo país.


A figura a seguir apresenta o montante de exsicatas de Pteridophyta e das 14 famílias de Angiospermas com o maior número de registros de coletas no Brasil, no herbário P.


Esse aporte de novos registros e imagens ao acervo do INCT-Herbário Virtual amplia o alcance e as possibilidades de usos dos dados, tanto do ponto de vista taxonômico, com registros históricos e materiais tipos, como fitogeográfico, permitindo acesso a amostras de plantas coletadas em outros países da América do Sul. 


4 de mai. de 2020

Campanha INCT-Herbário Virtual: o compartilhamento de conhecimento

Como amplamente divulgado no dia 15 de abril pp, o Comitê Gestor do INCT Herbário Virtual da Flora e dos Fungos lançou uma campanha convidando todos os especialistas para participarem de uma ação conjunta em comemoração ao Dia Nacional da Botânica (17 de abril). A ação proposta foi a de identificar amostras herborizadas de plantas, algas e fungos que estão online no herbário virtual (inct.splink.org.br). Os resultados mostram a importância e a oportunidade do trabalho em rede.

O convite aos especialistas teve como base (1) a existência de material não identificado online com imagens, (2) a ferramenta online para envio e registro de comentários; e, (3) uma rede de especialistas para a identificação de espécimes.

O primeiro movimento dos especialistas e curadores foi o aprimoramento da ferramenta Comentários. Foram duas demandas:

  1. alterar o sistema de validação do comentário para posterior envio ao curador; e,
  2. incluir no relatório data cleaning uma tabela com todos os comentários enviados para a coleção.
Ambas as demandas foram atendidas. O relatório data cleaning agora apresenta os comentários enviados às coleções.


Também foi produzido um vídeo com um tutorial sobre o uso da ferramenta Comentários no Canal YouTube da rede speciesLink.

Balanço da ação

Uma forma de avaliar o impacto dessa ação é analisando a evolução do uso da ferramenta desde o seu lançamento em 2012.

Nos últimos 3 anos tivemos em média, 737 comentários por ano. O gráfico mostra que, no ano de 2020 até o mês de abril, contabilizamos 1.843 comentários, ou seja, 1.843 novas anotações associadas a registros de espécimes. Até abril de 2020, a média anual foi superada em 250%. Os gráficos a seguir mostram a evolução do uso dessa ferramenta por mês em 2020 e por dia, para abril de 2020.



Os gráficos mostram a importância da campanha lançada pelo Comitê Gestor do INCT-Herbário Virtual e evidenciam a força da ação coordenada em rede e a importância do compartilhamento aberto de dados. Podemos também observar que a ação não se limitou ao dia da Botânica, e espera-se que os pesquisadores continuem contribuindo nesse esforço de melhoria dos dados dos herbários.

No final deste ano apresentaremos novos dados, mostrando como o esforço de identificação e o envio de comentários aos curadores tem contribuído para melhoria da qualidade das informações  disponibilizadas online pelos herbários da rede. Agradecemos a todos pelas sugestões de aperfeiçoamento do sistema e compartilhamento de seus dados e conhecimento.