Em setembro de 2012 foi lançado o sistema Lacunas com o
objetivo de cruzar os dados disponíveis no INCT – Herbário Virtual da Flora e
dos Fungos com os dados publicados na lista oficial das espécies da flora e dos
fungos que ocorrem no Brasil.
A ideia foi criar uma ferramenta para facilmente identificar
as lacunas de dados taxonômicos e geográficos do INCT - Herbário Virtual. Com essa
informação, o Comitê Gestor do INCT pode priorizar a integração de novos
acervos, a digitação de dados e ações para melhorar a qualidade dos dados
on-line.
O banco de dados do sistema permite buscas fonéticas, além
de permitir a associação dos sinônimos a cada nome científico aceito. Assim o
sistema permite comparar buscas exatas com fonéticas e buscas somente com nomes
aceitos ou com a inclusão de sinônimos. Com isso é possível também avaliar
qualitativamente a necessidade de atualização dos nomes e correção de erros de
digitação pelas coleções.
Figura 1. Alguns elementos do relatório Lacunas para Angiospermas (Fonte: Lacunas, Jan/2018) |
Uma nova versão dos relatórios é produzida, no mínimo a cada
seis meses, o que permite observar a evolução qualitativa do Herbário Virtual.
A Lista de Espécies da Flora do Brasil, coordenada pelo
Jardim Botânico do Rio de Janeiro, hoje denominada Flora do Brasil 2020, também
evoluiu desde 2010, introduzindo novos elementos e novas espécies. Essas
mudanças foram também introduzidas no Lacunas.
Hoje, por exemplo, é possível avaliar o status dos dados dos diferentes grupos
taxonômicos (algas, angiospermas, briófitas, fungos, gimnospermas e samambaias
e licófitas) selecionando apenas espécies nativas, cultivadas ou naturalizadas.
Nesse período também houve a avaliação do CNCFlora do status
de conservação das espécies da flora do Brasil e o MMA publicou nova portaria
com o status das espécies ameaçadas de extinção. Esses dados também foram
incorporados ao sistema.
O
gráfico a seguir mostra uma análise do número de espécies sem registros no
Herbário Virtual em janeiro de 2018, de acordo com dois critérios: (1) busca
fonética, incluindo sinônimos, com ou sem coordenadas geográficas e (2) busca
fonética, incluindo sinônimos, com coordenadas originais consistentes e distintas, ou seja, com coordenadas informadas pelas coleções. A segunda opção não
considera os registros com coordenadas georreferenciadas automaticamente por
aplicativo.
O gráfico mostra, de maneira clara, lacunas mais
significativas de dados dos grupos Algas e Fungos. Esses grupos também têm mais
problemas com o georreferenciamento de seus dados. Fungos que têm cerca de 35%
das espécies citadas na Flora 2020 sem dados no Herbário Virtual, mas passa a
ter 77% se considerarmos apenas registros com coordenadas consistentes e
distintas, informadas pela coleção. Essa comparação mostra que além de integrar
mais dados desses grupos taxonômicos é necessário trabalhar no seu
georreferenciamento.
Até mesmo as espécies que constam na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção -
Portaria nº 443 de 17 de dezembro de 2014 apresentam 2% das espécies sem
registros no herbário virtual e 14% sem registros se considerarmos coordenadas
geográficas consistentes e distintas, informadas pela coleção.
Muitas outras análises podem ser realizadas, inclusive por
famílias e gêneros. Reiteramos que os relatórios estão disponíveis on-line,
abertos a todos e os blogs do CRIA e do INCT-Herbário Virtual estão abertos a
todos que queiram publicar suas análises.
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