5 de mar. de 2025

 

NOVAS HISTÓRIAS DO CRIA NO GOOGLE ARTS & CULTURE: DA CIÊNCIA CLÁSSICA À VISÃO INDÍGENA DA FLORESTA

 

Enquanto a equipe do Google Arts & Culture finaliza os ajustes para o lançamento da página do CRIA, nosso biólogo Fernando B. Matos concluiu em fevereiro de 2025 duas novas histórias, ampliando o alcance do projeto e trazendo novas perspectivas sobre a Flora Brasiliensis e seu impacto na ciência e na cultura.

 

·       Os Pteridólogos da Flora Brasiliensis: o legado dos especialistas em samambaias e licófitas

 

Uma das histórias recém-finalizadas homenageia os pteridólogos que contribuíram para a monumental Flora Brasiliensis. Cinco cientistas europeus foram os responsáveis por descrever as samambaias e licófitas na obra, além do próprio Carl F. P. Von Martius, que já havia estudado esses grupos no seu Icones Plantarum Cryptogamicarum, de 1834.

 

A história apresenta uma introdução sobre o grupo das samambaias e licófitas antes de mergulhar no trabalho desses pesquisadores, oferecendo pequenas biografias e detalhes sobre os grupos descritos por cada um na Flora Brasiliensis. Na época, foram registradas 575 espécies de samambaias e licófitas para o Brasil, um número que, com novas coletas e estudos, mais que dobrou—hoje conhecemos mais de 1.400 espécies no país.

Essa história tem um significado especial para o CRIA, pois foi elaborada com a curadoria científica do professor Paulo Henrique Labiak (UFPR), um dos maiores especialistas em pteridófitas do Brasil e parceiro do INCT-HVFF. Para Fernando, esse trabalho também tem um aspecto pessoal: além de ser pteridólogo, ele teve o Dr. Labiak como orientador durante sua iniciação científica e mestrado, tornando essa colaboração ainda mais especial.

 

·       Martius Revisitado: Natureza, Cultura e Colonialismo

A segunda história, Martius Revisitado, amplia a discussão sobre Carl Friedrich Philipp von Martius, trazendo uma perspectiva crítica sobre seu legado. Inspirada no simpósio de mesmo nome, promovido pela Cátedra Martius da USP, a história propõe um diálogo entre ciência, cultura e colonialismo, revisitando o impacto das expedições científicas europeias no Brasil.

No evento realizado em setembro de 2024, Fernando teve a oportunidade de conhecer pessoalmente a historiadora Karen Lisboa, professora da USP e curadora da exposição Viagem de Spix e Martius pelo Brasil. Karen participou do projeto do CRIA desde o início, auxiliando na proposta e elaborando 7 histórias sobre a expedição de Spix e Martius. Esse encontro presencial reforçou a parceria, consolidando a conexão entre o CRIA e os pesquisadores que estudam o legado dos naturalistas do século XIX.

 

Além disso, Fernando ficou profundamente impactado pela palestra da artista plástica Anita Ekman e do antropólogo indígena João Paulo Lima Barreto. João Paulo, nascido na comunidade São Domingos no Alto Rio Negro, é membro do povo Yepamahsã (Tukano) e possui uma trajetória acadêmica notável: graduado em Filosofia, mestre e doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Em fevereiro de 2021, tornou-se o primeiro indígena a defender uma tese de doutorado em Antropologia Social na UFAM, e sua pesquisa foi reconhecida em 2022 com o prêmio de melhor tese de Antropologia e Arqueologia pela CAPES. Além disso, João Paulo é fundador do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi, uma iniciativa pioneira em Manaus dedicada à valorização e prática da medicina tradicional indígena. Encantado com as perspectivas apresentadas por Anita e João Paulo, Fernando os convidou a contribuir com uma história para o projeto do CRIA no Google Arts & Culture. Para nossa satisfação, eles aceitaram o convite. A história que desenvolveram revisita as coleções de Martius e Spix, destacando a importância de reconhecer e valorizar os saberes indígenas na preservação da biodiversidade e na reconstrução das narrativas históricas.

 

Além do impacto do conteúdo, Martius Revisitado se destaca visualmente: quase todas as imagens utilizadas na história são autorais, mostrando João Paulo Tukano em museus dos Estados Unidos e da Europa examinando coleções que Spix e Martius levaram do Brasil no século XIX. Essas fotografias impressionantes não apenas documentam a trajetória dos objetos e artefatos coletados, mas também simbolizam a retomada da narrativa indígena sobre sua própria história e cultura.

 

UM PROJETO COM POTENCIAL INFINITO

Essas duas histórias são as mais recentes adições ao projeto do CRIA no Google Arts & Culture, cujo lançamento está previsto para abril de 2025. Mas esse é apenas o começo! A Flora Brasiliensis é uma das obras científicas mais extraordinárias da história natural do Brasil, e a expedição liderada por Martius e Spix revelou um mundo de biodiversidade que ainda hoje nos fascina.

 

Transformar esse conhecimento em um acervo digital acessível, envolvente e interativo é uma oportunidade única para ampliar a divulgação científica e inspirar novas gerações. Com novos investimentos, o projeto poderia crescer ainda mais, explorando outras obras naturalistas e integrando pesquisadores de diferentes áreas. Seria fantástico garantir apoio para expandir essa iniciativa, promovendo o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira e contribuindo para sua conservação.

5 comentários:

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